Enfermeiros (1)

 

Wanderlei trabalha no atendimento a portadores de hanseníase há 8 anos, na Policlínica Oswaldo Cruz, em Porto Velho, Rondônia. Como enfermeiro, ele faz a recepção do paciente, que chega ao local tanto por demanda espontânea, quanto por encaminhamento pelo SISREG. Comenta que lá fazem “esse acolhimento, esse atendimento inicial”, que consiste em uma anamnese, exame físico principalmente dermatológico e encaminhamento para conclusão diagnóstica com o médico.

Nesse momento difícil para o paciente, o enfermeiro atua auxiliando o paciente como um todo e dando suporte até mesmo para questões emocionais, até porque nem sempre o paciente dispõe de apoio psicológico especializado na equipe. Enquanto tenta “ajudar o ser humano que está num momento de fragilidade”, se depara também com dificuldades no seu trabalho, como a situação financeira dos pacientes e a falta de apoio familiar, além da distância entre Porto Velho e o local de moradia dos doentes, que precisam fazer consultas regulares e nem sempre conseguem se deslocar com a frequência adequada.

Para ele, o momento mais marcante é o diagnóstico, que ainda é permeado de estigma. Wanderlei comenta que o paciente já tem uma suspeita de ter a doença quando chega ao consultório e está assustado com a possibilidade de ser um “leproso”, carregando, nessa palavra, questões religiosas e desconhecimento sobre o que realmente é a hanseníase. Dessa forma, os pacientes passam por diversas fases até a aceitação do diagnóstico e, a partir do momento que compreendem o que está acontecendo, conseguem ser mais bem conduzidos no tratamento.

Wanderlei comenta que a explicação sobre a forma de transmissão também é um assunto “vítima do imaginário popular” e não muito bem compreendido pelos pacientes. Conta que a maioria das pessoas acha que um contato rápido é suficiente para contrair a hanseníase, o que aumenta o preconceito com os portadores. Wanderlei tenta informar o doente e sua família, em uma linguagem que eles entendam, de modo a diminuir a desinformação.
Por fim, cita o professor Duquesne, pioneiro da hanseníase no Brasil, que chama a atenção para a importância do trabalho dos diversos profissionais no decorrer do tratamento, pois, ao serem portadores de conhecimento, se tornam responsáveis por fazer tudo a seu alcance para diminuir a chance do paciente desenvolver deformidades e incapacidades, agindo em tempo hábil para ajudar o doente da melhor maneira possível. Inspirado pelo professor, Wanderlei busca seguir esses passos na sua área de atuação.