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Segundo estudo multicêntrico realizado pela Organização Pan-americana de Saúde em conjunto com o Ministério da Saúde publicado em 2021, a covid longa é considerada o estado de não recuperação completa por muitas semanas, meses ou anos após contrair a infecção por SARS-CoV-2. De acordo com a OMS esta condição pós-covid-19 pode ser definida como “aquela que ocorre em indivíduos 3 meses após infecção provável ou confirmada por SARS-CoV-2, com sintomas que duram pelo menos 2 meses, não pode ser explicada por um outro diagnóstico diferencial e geralmente afeta o funcionamento diário. Entretanto, inúmeros outros estudos consideram períodos mais precoces de surgimento ou manutenção de novos sinais e sintomas, algo em torno de 28 dias após o diagnóstico da infecção, sendo o fator mais relevante para a caracterização da Covid longa a persistência por período arrastado dos novos agravos de saúde. Uma ampla gama de sintomas tem sido relatada, como exaustão, falta de ar, dores musculares, disfunção cognitiva, cefaleia, palpitações, tonturas e aperto ou peso no peito entre os mais comuns.
A covid longa ou síndrome pós-covid foi pontuada por apenas uma das profissionais médicas entrevistadas. Interessante notar que não foi tema recorrente entre os profissionais das diversas categorias entrevistadas o que diverge do encontrado na literatura. Em pesquisa rápida no Portal da BVS no primeiro semestre de 2024 com o descritor “Síndrome de COVID-19 Pós-Aguda” foram identificados mais de 6000 resultados, assim como usando o descritor “Post-Acute COVID-19 Syndrome” no PubMed gerou mais de 3000 artigos.
Uma única MFC atuante na AP 3.3 à época da entrevista, em novembro de 2021, relatou a experiência com pacientes com covid longa. Em sua experiência, observou fadiga, mal-estar e queixa de disfunção erétil. A profissional pontuou a fragilidade da rede para referenciamento e acompanhamento compartilhado com a atenção secundária, que via de regra é realizado a partir da solicitação via Sistema Nacional de Regulação (SISREG) no que tange a fisioterapia respiratória, extremamente importante no contexto do acometimento respiratório causado pelo SARS-CoV-2. No Estado do Rio de Janeiro, em maio de 2021, o Hospital Universitário Pedro Ernesto vinculado à UERJ abriu o Ambulatório Multidisciplinar Pós-Covid, com fluxo via Sistema Estadual de Regulação (SER). A MFC viu com atraso essa abertura do serviço especializado e destacou a tentativa de maximizar os recursos disponíveis na APS para apoio e manejo deste grupo de pacientes.
"Tem chegado menos pessoas com síndrome da covid longa, mas atendi alguns pacientes, principalmente ali no finalzinho de novembro do ano passado [2020] que eram pessoas vindas dessa primeira grande onda. [...] A gente tinha um fluxo via SISREG que eu nunca vi funcionar, que era fisioterapia respiratória pós-covid que a gente inseria e nunca saía. E aí, com muito atraso, começou a ter o serviço da UERJ, multiprofissional de atendimento ao paciente pós-covid, mas que era um fluxo via SER. [...] Eu cheguei a atender e acompanhar principalmente fadiga, mal-estar, tive uns dois pacientes com disfunção erétil pós infecção. Mas a gente fazia o que podia na atenção primária" (MFC Carol Oka).