José Antônio
Diagnóstico – Miocariopatia Isquêmica e Alcoólica
Idade ao sofrer o transplante cardíaco – 55 anos
Idade ao ser entrevistado – 65 anos
José Antônio é um homem que passou por uma série de desafios de saúde ao longo dos anos. Tudo começou em 2006, quando seu filho precisava de uma cirurgia e ele sofreu seu primeiro infarto, levando-o a se afastar do trabalho. Desde então, enfrentou problemas cardíacos recorrentes, passando por cirurgias como ponte de safena e mamária em 2010.
Em 2010, ele foi diagnosticado com um coração inchado e foi encaminhado para um transplante cardíaco. Após se aposentar em 2011, começou a enfrentar novos desafios de saúde, como um infarto durante uma visita à cidade de Orobó. Sua vida foi salva quando foi levado de volta ao Hospital Português, onde ele trabalhava.
Após ser colocado na lista de espera para o transplante cardíaco, José passou por um período de preocupação e ansiedade, pensando nas possíveis complicações e no tempo que poderia levar para encontrar um doador compatível. No entanto, em menos de um mês, ele recebeu o coração de um doador.
Em relação ao processo de adaptação após o transplante, Jose relata que incluiu-se dificuldades com a dieta e a medicação, mas Ele conseguiu superar esses obstáculos, além de precisar se ajustar a uma dieta mais restrita e a um novo estilo de vida, evitando ônibus e priorizando sua saúde.
Após o transplante, José passou por algumas internações devido a complicações como tosse seca e inchaço nos pés. No entanto, ele relata ter conseguido superar esses desafios com o apoio de sua equipe médica e sua fé em Deus. Hoje em dia, além de lidar com sua saúde, José desfruta de atividades como jogar dominó e assistir a jogos de futebol.
Em relação à sua visita à Dra. Lígia, médica que o atendeu com competência e gentileza, relacionando-a ao seu time de futebol, o Náutico. Ele relata ter desenvolvido problemas de saúde, incluindo uma mancha preta na perna e dores na coluna que o levaram a passar por cirurgias e hospitalizações. Após a intervenção médica, ele enfrentou a necessidade de tomar medicamentos e lidar com os efeitos colaterais, como dores musculares e insônia.
José também compartilha informações sobre a saúde de sua esposa, que passou por uma cirurgia de esôfago após enfrentar dificuldades para diagnosticar sua condição médica. Ele expressa gratidão ao Dr. Ricardo Torres por ter identificado o problema de sua esposa, destacando a importância da fé em Deus durante momentos difíceis de doença e recuperação, mencionando o papel dos médicos como instrumentos de Deus e enfatiza a necessidade de confiar no divino durante procedimentos médicos complexos e durante fases difíceis da nossa vida.
O tema do transplante de coração surge quando o Sr. José discute sua própria experiência, incluindo a gratidão pelo doador anônimo e a importância de cuidar da saúde após o procedimento. Ele compartilha suas reflexões sobre a conexão entre mente, corpo e espírito, destacando a influência da fé e da determinação na recuperação física e emocional. Além disso, ele enfatiza a importância de aproveitar a vida após o transplante, adotando hábitos saudáveis e mantendo uma atitude positiva.
Ao longo do relato, o Sr. José também compartilha detalhes sobre suas atividades diárias, interesses pessoais e valores familiares, destacando sua dedicação à família, sua paixão por plantar árvores frutíferas e sua filosofia de vida centrada na gratidão e na resiliência. Ele encerra a conversa reiterando a importância de enfrentar os desafios da vida com coragem e otimismo, inspirando aqueles ao seu redor a viver plenamente, independentemente das circunstâncias, nesse contexto, Ele relata estar escrevendo um livro sobre sua vida e experiências, mostrando sua determinação em enfrentar os desafios com otimismo e fé.
José Delson
Diagnóstico – Miocariopatia Alcoólica
Idade ao sofrer o transplante cardíaco - 48 anos
Idade ao ser entrevistado – 50 anos
“De onde é que vem esse órgão?” foi a primeira pergunta que José Delson fez ao ser informado sobre a chegada de um novo coração. Para sua surpresa, o doador era da mesma região em que José morava. Os boatos corriam pela cidade, mas nunca foram de fato confirmados, até o dia em que uma jovem moradora de Cachoeirinha, cidade onde José mora, o cumprimentou na rua dizendo “Oi, Zé! […] Você sabia que quem doou esse coração aí para você foi o meu primo?”. O desejo do rapaz de 35 anos, morto em acidente automobilístico, de doar seus órgãos foi expresso ainda em vida. Graças a isso, diante da recusa da mãe em doar os órgãos do filho, a esposa pode intervir e consentir a doação. Isso salvou a vida de José Delson.
Certa manhã, seis anos após a implantação de seu marcapasso, José Delson acordou repentinamente ao sentir um choque no peito. Após o segundo choque, sua esposa Marlene ligou para o serviço de emergência solicitando uma ambulância. De sua residência até o hospital PROCAPE, em Recife, foram setenta e seis choques produzidos pelo aparelho. José conta ao entrevistador que o uso do marcapasso foi necessário por conta de um quadro de arritmia cardíaca desencadeado por um infarto antigo. Seu coração “batia bem, bem, bem lento”. Ainda relata que, nos momentos anteriores aos choques, sentia seu coração parando e que a intensidade dessas descargas elétricas era extrema. Na ambulância, José pensou que morreria ali, a caminho do hospital.
Já internado, a equipe médica decidiu realizar uma cirurgia para substituição do marcapasso de José. O procedimento foi bem-sucedido, mas, infelizmente, os choques não cessaram. Assim, sua transferência para a unidade de terapia intensiva do IMIP, Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, foi realizada. No dia seguinte à internação no IMIP, José foi informado da necessidade do transplante cardíaco. Após muito hesitar, ele concordou com o tratamento e foi imediatamente alocado na fila de espera pelo novo órgão. Suas primeiras negativas foram influenciadas pelo medo da cirurgia. Porém, a possibilidade de se ver livre do marcapasso e, consequentemente, dos choques violentos que ele produzia o convenceram a encarar o desafio. No entanto, sua condição era grave: seu coração trabalhava com apenas 18% da sua capacidade total de bombeamento e retornar à sua casa era um risco alto: o marcapasso poderia não suportar uma nova crise e determinar o fim da história de José Delson.
Três longos meses de internação se passaram na enfermaria de transplante cardíaco do IMIP e as esperanças de José diminuíam a cada coração que chegava e era transplantado em outro paciente prioritário. Até que, em 28 de setembro daquele ano, José recebeu seu novo coração. A notícia chegou na noite do dia anterior, quando uma enfermeira passou em seu leito para coletar seu sangue e informá-lo que um doador compatível havia aparecido. Mais cedo, uma amiga o havia informado de um acidente grave ocorrido na cidade em que moravam, porém ele não podia imaginar que isso poria um fim à sua angústia na espera de um novo coração. José demonstra gratidão pela atitude solidária em meio à dor e se diz de braços abertos para receber os familiares do doador, caso demonstrem interesse em conhecê-lo.
No passado, antes da doença o acometer, José era um homem sadio, mas que tinha problemas com o alcoolismo. Seu temperamento sempre fora agitado. Hoje em dia, evita se alterar e se retira de quaisquer discussões, para que sua pressão não se altere. Além disso, José desenvolveu problemas renais ao longo do tempo e necessita fazer hemodiálise periodicamente. A princípio, José foi informado de que seu quadro era irreversível e que teria de realizar também o transplante renal, porém, com o passar do tempo, seus exames demonstraram alguma evolução e o quadro, até o momento da entrevista, permanecia indefinido. Apesar disso, José Delson é otimista: sua fé o mantém engajado no tratamento e a possibilidade de um novo transplante não o assusta. Além disso, conta que durante a preparação para o transplante cardíaco recebeu apoio de outros transplantados e que está disposto a exercer esse papel de suporte para outras pessoas que precisam desse incentivo.
José Roberto
Diagnóstico – Miocardiopatia Alcoólica
Idade ao sofrer o transplante cardíaco – 21 anos
Idade ao ser entrevistada – 25 anos
José Roberto conta sobre sua descoberta do “problema do coração”. Aos 14 anos, quando começou a beber, as doenças também apareceram. Não lembra muito bem o início dos sintomas, mas sabe que a família de sua mãe já tem histórico de coisas no coração e sua avó materna morreu de infarto. Relembra que, ao nascer, já tinha o problema do coração. Os médicos disseram à sua mãe que, quando crescesse, precisaria fazer uma cirurgia. Ao atingir os 14 anos de idade, os sintomas começaram e José foi se tratar.
Durante esse tempo, passou por vários hospitais como Paulo Afonso, Jeremoabo e o hospital de Recife, mas foi um médico de Juazeiro que disse que precisava de um coração novo. Desde então, ficou na fila de espera aguardando regulação, internado no IMIP, por 3 meses. Após o transplante, ficou mais 6 meses tratando com os médicos e precisou alugar uma casa próximo ao hospital. Relata que no tempo de espera do novo coração sentia falta de ar e muito cansaço: “eu ficava na bomba e, se tirasse, eu cansava demais”.
Quando passou pela cirurgia, José disse que se sentiu bem. Acordou entubado e cheio de aparelhos conectados. Em relação às suas emoções, não sentiu nada diferente, era a mesma pessoa: “o povo pensava que eu mudava a mente, mudava o jeito. Não, é a mesma pessoa”. Na UTI, a pressão descontrolou um pouco e precisou ficar um pouco em acompanhamento, mas logo melhorou e foi para a enfermaria. Refere não saber muitos detalhes sobre a pessoa que lhe doou o coração, apenas que é um homem de 22 anos e que veio de Petrolina. Tem o desejo de saber como é e conhecer a família para agradecer. Relembra que, quando começou a ficar doente, achava que ia morrer e não sabia que existia o transplante: “foi depois que o médico falou que existia esperar uma pessoa para doar”.
Após o transplante José conta que não teve nenhuma complicação e hoje, depois de 5 anos, também não sente nada. Toma o remédio do jeito certo, dorme bem e segue trabalhando tirando leite das vacas todos os dias às 3 horas da manhã. Recentemente, um colega de trabalho o aconselhou a parar de trabalhar, mas José disse que está bem e pode trabalhar, só não pode pegar peso. Falando sobre a vida pessoal, relata que não gosta muito de festa, gosta mais de trabalhar e cuidar dos animais. Frequenta a escola apesar de estar meio lento por causa do trabalho de tirar leite, mas sua mãe o aconselha a estudar porque se não o benefício será cortado. Relata que gosta de frequentar a escola e tem vontade de aprender a ler. Quando perguntado sobre o casamento, refere estar casado a 4 anos e feliz, mas não pensa em ter filhos pois sua esposa é ligada e já tem uma filha com a mesma idade que ele, 25 anos. Pensa no futuro continuar trabalhando mexendo com o gado e tirando leite, já que por não ter leitura é difícil trabalhar em algum lugar.
Ao final, ao ser questionado sobre o que diria para uma pessoa que está na fila do transplante, José diz que é para não ter medo e que o transplante o fez bem: “eu pensava que doía e que via, mas não vê nada ali. Ele dá um remédio que apaga”. Atualmente, as pessoas continuam perguntando se ele virou outra pessoa e dizem que se o coração é de mulher, ele vai gostar de homem, mas José nem liga para as brincadeiras.
Marcos
Diagnóstico – Miocardiopatia Isquêmica e Alcoólica
Idade ao sofrer o transplante cardíaco – 43 anos
Idade ao ser entrevistado – 55 anos
Marcos é um homem comum, com a vida marcada por rotinas simples e prazeres modestos. Sua história, entretanto, não era tão comum assim; era uma jornada de resiliência, esperança e gratidão, uma luta pela vida que poucos conhecem de perto.
Marcos começou a perceber que algo estava errado quando o cansaço se tornou uma constante em sua vida. Subir ladeiras e escadas ou mesmo tomar banho em pé tornaram-se tarefas hercúleas. O desconforto vinha se insinuando em seu cotidiano, perturbando seu sono e transformando a ingestão de alimentos e água em um ato doloroso. Era como se seu próprio corpo estivesse lentamente se fechando para o mundo.
A revelação de que precisaria de um transplante de coração veio após exames que mostraram uma grave dilatação em uma de suas veias. Foi lançado então em um ciclo de internações e tratamentos nos hospitais PROCAPE, IMIP e Pelópidas Silveira, numa tentativa de estabilizar sua condição até que um coração compatível fosse encontrado.
A espera por um transplante é uma prova de paciência e fé, e Marcos vivenciou essa espera com uma mistura de ansiedade e esperança. O chamado veio e, com ele, a notícia de que o coração disponível não era compatível. Foi um momento de alegria seguido por desapontamento, mas manteve-se firme.
Quinze dias depois, a ligação que mudaria tudo aconteceu. Doutora Verônica, em plena madrugada, anunciou que um coração estava a caminho de Aracaju e ele deveria se preparar para a cirurgia. O processo foi longo e árduo. Após o transplante, enfrentou dias tumultuados na UTI, incluindo complicações renais que exigiram hemodiálise. Mas com tratamento e determinação, Marcos recuperou-se.
A sua vida pós-transplante é marcada por um retorno à normalidade, com a capacidade de realizar atividades diárias sem a sombra do cansaço que outrora o dominava. Ele retomou a condução de seu carro, a vida familiar e até mesmo sua intimidade sem impedimentos.
Ao longo de onze anos após o transplante, Marcos teve alguns sustos, como uma infecção de pele e uma reação adversa ao suco de cana, mas não enfrentou rejeição ao novo coração. Curiosamente, apesar de ter recebido o coração de um possível torcedor do Náutico, sua lealdade ao Sport Recife permaneceu inabalável, uma brincadeira entre ele e os médicos que simbolizava a continuidade de sua própria essência.
Marcos expressou um desejo sincero de conhecer a família do doador e agradecer-lhes pela segunda chance na vida que lhe foi concedida. Ele se tornou um defensor da doação de órgãos, compartilhando sua história e incentivando outros a se tornarem doadores.
Seu futuro é descomplicado. Ele aspira a pequenas felicidades, como viagens com a família para lugares como Gravatá e Porto de Galinhas, ou simplesmente desfrutar de um churrasco à beira da piscina. E se Marcos encontrasse alguém na fila de transplante hoje, ele provavelmente diria: aguarde com esperança, pois a vida pode lhe surpreender com um presente que vale cada segundo de espera.