Fé e Pertencimento a uma Comunidade Religiosa

Alguns participantes falam da importância de sua fé de forma espontânea. A ligação com a religião por vezes já vinha de antes da doença, e outros se aproximaram em função dela, tanto da igreja quanto da comunidade com as mesmas práticas religiosas. A grande maioria é de evangélicos.

Eu tenho uma ligeira vantagem: eu tenho muita fé. Então eu consigo levar. Eu acho que se a pessoa tem um pouquinho de religião, seja ela qual for, se tiver alguma coisa que ela possa crer de ter força, isso ajuda e muito. “Eu sempre tive muita fé, independente de ter a doença ou não. Sou católico apostólico romano. Sigo, tenho muita fé. Nunca fui pra outra religião, procurar outras coisas, curandeiro essas coisas. Eu acredito e sempre fui assim. Desde pequeno tive exemplos, assim, do meu pai e da minha mãe, de muita força, pra momentos difíceis na vida. Então eu acho que isso também, independente da minha doença, foi um diferencial na minha vida. Você crer em alguma coisa faz muita diferença, quando você precisa.” (Marcos)

 

Foram duas coisas fundamentais na minha vida, duas coisas fundamentais, foi: a certeza que Deus estava no negócio; os médicos e a companheira que estava comigo. [...] A minha fé aumentou muito, eu me tornei um novo homem, me tornei um novo homem, porque pela certeza eu não estava sozinho na peleja, sabe? Porque tinha momento que me pegava sozinho, tinha momento que era eu e Deus, Deus e eu. Eu me vejo como se, pra quem estuda a palavra de Deus, é como se eu estivesse entrado no vale, sabe? Aquele particular seu com Deus, sabe? A minha certeza da minha cura foi justamente essa. A minha certeza da minha cura era "o meu Cristo vive". O meu Cristo estava comigo, porque eu não estava passando à toa.” (Fábio)

 

Ah, o primeiro lugar é o apoio de Deus e da minha mãe. E dos meus 2 filhos.” (Geisa)

Eu sou evangélica, na igreja, de todo mundo. De todas as pessoas eu tive muito apoio.” (Ana das Graças)

Eu agradeço muito a Deus pela família que ele me deu, pela equipe médica que cuidou de mim e tem cuidado até hoje, não só do Hospital Pedro Ernesto, como a daqui do HU, graças a Deus. Porque eu posso dizer realmente que Deus foi muito bom pra mim, porque depois de tudo que eu passei, hoje eu olho e vejo que, apesar das minhas limitações, o meu maior medo era ficar com o rosto deformado e graças a Deus eu não fiquei.” (Maria da Saúde)

 

Alexsandro é da Igreja Universal, há muitos anos, mas estava afastado. A doença lhe aproximou da religião. Perguntado como a religião o tem ajudado, nos diz:

Me ajudou um pouco, tá me ajudando, tô sendo mais paciente, que eu sou muito nervoso, sou meio nervoso, tô mais calmo. Escuto as pessoas agora mais que eu não gostava de escutar muito.”

Geraldo Schupp se tornou evangélico, da Igreja Universal do Reino de Deus, pouco depois da descoberta da doença, há 3 anos. 

Começou a hanseníase, eu digo 'rapaz', que eu comecei a rodar. Eu gastei foi oito conto de macumba, minha filha, oito conto, no dinheiro. [...] Eu pedi perdão a Jesus, me ajoelhei e pedi perdão.

 

Dentre os participantes, apenas um se referiu ao sentido que a doença alcançou na sua vida e, neste caso, este sentido seria um desígnio de Deus. 

essa doença, às vezes, eu tenho pra mim mesmo, assim, que quando essa doença se manifestou em mim, foi pra me salvar, pode até parecer estranho, foi pra me salvar e salvar meu casamento. Porque Deus tudo faz de acordo com a situação de cada um de nós, e eu achei este sentido. Porque eu tava em crise, eu vou ser franco com a senhora, eu tava em crise, na época, eu bebia, eu tinha muito ciúme da minha mulher, muito ciúme no casamento, meu filho tinha 2 anos, 3 anos, eu discutia com ela à toa assim, até pra ela ir passear com a irmã dela eu tinha ciúme. [...] Eu comecei a aprender, aprender a controlar meu ciúme, que foi Deus, Deus colocou, e ela me ajuda até hoje a superar tudo isso, mas graças a Deus, hoje não tem mais ciúme, não tem mais esse negócio, tem que ter confiança um no outro, a gente conversa, a gente desabafa, um pro outro não tem que ter ciúme. Então foi aí que eu senti que, ao mesmo tempo, foi um aprendizado pra mim, essa doença veio pra me ensinar a ser mais humano, a ser mais compreensível. Porque tem muitos, muitos que têm problema da hanseníase que acha que é um castigo, castigo de Deus, eu não acho isso um castigo.” (Jucenir)