Solidariedade no Trabalho/Escola/Amigos

A solidariedade no trabalho, na escola e de amigos vem geralmente acompanhada da ausência de preconceito. Além das pessoas se mostrarem de algum modo sensíveis ao participante e as suas necessidades, eles permanecem próximos. 

Almir, Marcos e José Alves voltaram ao trabalho e encontraram solidariedade por parte das chefias e dos colegas. Todos encontraram acolhimento e nenhum preconceito por parte dos colegas. Quando houve uma limitação para determinada tarefa do trabalho, os colegas deixaram de solicitar Almir para esta tarefa.

Uma coisa simples, eu não estava conseguindo fazer, que era ajudar a passar o paciente pra maca ou vice-versa, aí eu ficava só na cadeira, e eles não deixaram mais eu pegar à maca. Aquilo me deu uma certa angústia, uma certa dor no coração de saber que não podia fazer certas coisas, fiquei... Embora lá eles também me apoiaram muito, a equipe dos serviços lá, graças a Deus, assim, não senti nenhum constrangimento da parte deles, assim, como é que fala? De preconceito. Se aconteceu, não deixaram transparecer.” (Almir)

 

“Pro meu chefe contei, contei sim. É, pros colegas não.” (Marcos)

 

“Sim, contei pro supervisor, cheguei a contar lá pro pessoal de cima. Eles que resolveram manter só no pessoal mais próximo, então eu segui no tratamento e só umas 8 pessoas no trabalho que sabiam, só os empilhadores que trabalhavam mais próximo, que a gente trabalhava em contato, e só alguns outros colegas. Perante eles também não teve alteração, mudança nenhuma, seguiu a convivência normalmente, não teve preconceito nem nada.” (José Alves)

 

Jucenir e João Carvalho não puderam seguir trabalhando, fizeram várias cirurgias. As amizades feitas quando trabalhavam e na comunidade onde vivem são importantes para eles.

O pessoal da CERON fizeram uma comitiva, foram lá em casa, me visitaram, depois que fiz a cirurgia. [...] Meu chefe foi me visitar, eu na cadeira de rodas, inchado, com depressão, tomando remédios fortíssimos que era a Talidomida, que era o Amytril®, amitriptilina, tinha também a carbamazepina, Dipirona®, fortíssimos por causa das dores que eu sentia. Eu tava inchado, e eles foram lá tudinho, quando eles viram, disseram, ‘não fica assim não, fica tranquilo que a gente vai fazer uma corrente lá e vai te ajudar. Você é uma pessoa que sempre tá presente com a gente, ajudava, trabalhava direito, nunca deu problema nenhum no trabalho, sempre tava com a gente’. Aí eu fiz uma carta de agradecimento à CERON e ao Gonçalves, que foram as duas empresas que eu trabalhei. À CERON eu fiz uma carta de agradecimento pra todos os funcionários e Gonçalves também, todos eu fiz uma carta e mandei entregar, colocaram no mural e ficou 2 anos essa no mural”. (Jucenir)

 

Meus colegas me apoiaram. Desde os meus patrões até os meus colegas, quando eu sentia apoio do pessoal, até hoje eu tenho muito apoio das pessoas ainda. Tem colega meu, lá na rua, onde eu moro, ‘não, me dá um dinheiro aí, que hoje eu tô liso, quero tomar um café aí, tô liso’. ‘Toma aqui pra você tomar um café.’ ‘Fulano, tem alguma coisa aí pra mim fazer?’ Porque eu tenho meus biquinhos também na rua. Não é porque eu sou aposentado, que eu vou ficar só esperando do governo, do presidente, não.” (João B. Carvalho)

 

Às vezes, além da família, há um amigo importante:

"A única pessoa que eu contei foi pra minha colega Adriana. Só pra ela, porque na primeira vez quando eu tive, ela foi a única amiga que não me abandonou, e agora quando eu descobri, eu liguei pra ela, a gente conversamos e ela me apoiou, falou: "amiga, não fica assim não, nós estamos juntos de novo nessa peleja, eu e você de novo”. (Geisa)

 

Conversei com meu amigo, tenho um amigo bem próximo meu. Na verdade, ele nem mora aqui, mas a gente é próximo desde a época do colégio, a gente estudou fora, em São Paulo, juntos, e aí eu conversei com ele. Ele reagiu muito bem, até porque ele tem uma outra doença que o pessoal tem um pouco de preconceito que é psoríase, então ele reagiu bem, tranquilo...” (Felipe)

 

Com minha amiga, enfermeira, aqui... a Valmira, que era coordenadora do município. Eu contei muito com ela, é uma pessoa preparadíssima. [se emociona] Eu agradeço todos os dias nas minhas orações, ela nem sabe, mas eu peço a Deus para olhar por ela, porque ela me deu um conforto enorme”. (Marizélia)

 

A igreja para vários participantes é um lugar importante de convivência, e foi destacado como um lugar de aceitação e apoio. 

“Eu sou evangélica, na igreja, de todo mundo, de todas as pessoas, eu tive muito apoio.” (Ana das Graças)