6.1 Mensagem para pessoas com covid-19

Temas

Ao pensarem em uma mensagem para um paciente que acabou de receber o diagnóstico de covid-19, os entrevistados orientam baseados em sua própria experiência de adoecimento, como é o caso da entrevistada Paula, que ficou internada em junho de 2020 em um hospital privado em Brasília. A princípio acreditava que seus sintomas eram compatíveis com um quadro de sinusite, com isso reforça a necessidade de descartar o vírus o quanto antes: “Se você está dentro de uma pandemia, você tem que descartar essa hipótese que é o vírus. Não tem que esperar como eu esperei. E o teste rápido é muito falho. Naquela época a gente não tinha noção, então eu peguei na primeira onda subindo aqui. Então, tinha muita falta de informação, ou falha de informação, isso ajudou, me prejudicou um pouco, mas o que o deixa assim, qualquer sintoma, por mais que você acha que não é, acho que é, porque eu também achava que estava bem.” Diante da gravidade da sua doença, Janilda, deixa claro, “não brincar com os primeiros sintomas”. Michael Douglas também compartilha que baseado em sua experiência, é importante agir o mais rápido possível para conter a doença. Ambos foram internados no sistema público, no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, 

"’Estou com COVID-19’. Olha, se você estiver em casa com a doença, tem sintomas? Acha que tem? Se você tiver um plano (que nem sempre é um recurso para todo mundo que é caro plano de saúde), faz o possível para você realmente tentar ter um acompanhamento para você realmente combater ela do começo, porque se você deixar para a última hora, você vai acabar como eu acabei. Graças a Deus eu sobrevivi, mas você vai ter a sua chance maior de sobreviver, com certeza vai ser maior, porque você vai estar desde o começo ali. Eu deixei para ‘o segundo tempo, aos 45 minutos’ por assim dizer, quase que eu parti. Então, se você tiver oportunidade, vá, corra atrás, não fique em casa”. 

 

A evolução dos sintomas é marcante nas narrativas dos entrevistados. Apesar da manifestação dos primeiros sintomas em alguns participantes terem sido leves, eles ficaram alerta e passaram adiante essa orientação, como o entrevistado Francisco: “E o aconselhamento é sempre prestar atenção”. Além de prestar atenção aos sintomas, outros pacientes orientam procurar assistência médica o mais rápido possível, como  Eduardo: “A primeira coisa, se possível, tenha um profissional de sua confiança para acompanhar você e sua família. Acho que ter, por exemplo, uma pessoa, eu não sei se isso, infelizmente não é a realidade da maioria da população, mas é uma coisa importante para aqueles que puderem. Para os que não puderem ter um profissional específico de sua confiança, que procure imediatamente o atendimento clínico, procurar imediatamente”. 

A entrevistada Margareth que adoeceu em agosto de 2020 e permaneceu internada em um hospital privado em São Paulo, também reforça a necessidade de acompanhamento médico logo no início dos sintomas diante da imprevisibilidade da doença: “Bom, a primeira coisa que eu diria a essa pessoa é procure um médico com urgência, não espere os sintomas diminuírem pra procurar ajuda médica, o vírus, ele é muito rápido e ele começa assim com sintomas leves hoje, mas amanhã ele se torna um gigante dentro da pessoa e eu acho que no início dos sintomas têm que sim entrar com ajuda médica, com medicação adequada e ficar ali observando”.

Miguel, compartilha a importância de se acreditar no médico e no tratamento ao longo da experiência de adoecimento: “Bom, primeiro, eu acho que o mais importante, acredito, procure o tratamento o mais rápido possível. Procure o médico no hospital, acreditem. Acredite nos médicos. Nos remédios, na medicação”. 

Os sintomas respiratórios são característicos do adoecimento por covid-19, mesmo antes da internação. Com isso, alguns entrevistados contam que só perceberam a piora devido à monitorização da oximetria, como é o caso da Camila:  

“A primeira coisa é se você não tem, arrume um oxímetro [risos], porque infelizmente o oxímetro foi a minha chave para conseguir ser atendida no serviço de saúde. Saber quanto está a oximetria, infelizmente, faz diferença. Principalmente porque uma das coisas que eu me assustava muito no começo é a primeira vez que a minha oximetria deu menor que 94 eu estava me sentindo ótima. Não estava sentindo nada. Então é uma doença tão silenciosa que a gente não sabe nem que não está bem. Não consegue nem perceber que não está bem, sem uma medida estatística. Então é importante. Eu sempre fui meio contra essas medidas estatísticas da saúde, mas hoje eu digo ‘tenha uma oxímetro' porque é importante medir. é importante acompanhar a medida’.

E também o entrevistado Marcial, que aconselhou diversos membros da família a  monitorarem a oximetria pelo aparelho:  “Todo mundo da família que pegou, várias pessoas da minha família pegaram, minha irmã agravou mais, várias pessoas pegaram e trataram em casa mesmo,  foi o oxímetro, eu virei o louco do oxímetro da família, ‘ah, fulano tá com covid’, dá o endereço que eu mando oxímetro, que eu vou mandar oxímetro para ele”. 

Em janeiro de 2021, as vacinas covid-19 recomendadas pela OMS começaram a ser aplicadas na população brasileira e são consideradas altamente eficazes na prevenção de doenças graves, hospitalização e morte.  A entrevistada Vânia, que adoeceu em abril de 2021 e perdeu seu pai, no mesmo ano, por causa da covid-19,  prioriza a vacinação em sua mensagem : “Eu diria que tomar a vacina em primeiro lugar. Tomar as vacinas, se cuidar porque ela está aí e é um perigo e é muito importante a pessoa se cuidar. Se cuidar, se prevenir, porque ela mata”. Márcia Cristina, técnica de enfermagem, que permaneceu internada no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, em junho de 2020, compartilha a sensação de segurança ao ser vacinada e retornar ao seu local de trabalho:

“Segundo, é vacinar, com certeza vacinar. E eu sou a experiência de que isso dá certo, entendeu? Eu acho que… eu fiquei muito feliz depois que eu fui parar dentro do CTI de COVID para trabalhar e que eu já era vacinada, entendeu? Eu falei: ‘gente, é outra situação’. Porque a gente se paramentava igual, vai pra lua. E mesmo assim me contaminei [...]  Espero de verdade que as pessoas se conscientizem que uma picadinha à toa, gente. Tomar vacina hoje vai dar tudo certo pro resto da vida”.

 

A entrevistada Vera Lúcia, além de ressaltar a importância da vacinação, também relembra a importância do distanciamento social para reduzir o risco de contágio da doença: 

"É a vacina, né? Para estar em dia com a vacina. Não estar em meio de tumultos. É isso, a única coisa que eu sei, é isso, entendeu? Muita gente gosta de ficar no meio de confusão, daqueles negócios de baile, festa e não sei o que, agarramento. Isso aí é uma coisa que está fora de cogitação, entendeu? Eu não aconselho ninguém. A vacina sempre em dia. Mandou tomar vacina, toma, entendeu? Não custa, né. Não custa dar o bracinho ali e tomar”. 

Luiz, adoeceu em março de 2021 e ficou 114 dias internado no hospital privado no Rio de Janeiro, viveu a pandemia distante de suas filhas e neto e reforça atitudes de cuidado diante do diagnóstico positivo para covid-19: “O conselho é simples, se cuida. É o único conselho que a gente pode dar. E nada de aglomeração, lava as mãos sempre, quando puder álcool, mantenha distanciamento. E isso, se cuidar mesmo”. 

“Além do cuidado, aquilo que eu falei é mais do que eu poderia aconselhar as pessoas. Eu acho que é isso mesmo, no caso é manter o isolamento também. Essa necessidade que a gente tem, por exemplo, eu queria ver minhas filhas, minha esposa, meu neto. Meu neto quando ele foi me visitar para mim foi, acho, que o melhor remédio, eu acho que eu melhorei assim muito. Então, além disso, a gente tem que manter uma certa distância, pelo menos enquanto estiver a quarentena tem que manter a distância mesmo com vontade da gente ver as pessoas, de abraçar, estar junto. E os cuidados médicos têm que seguir. Eu sei lá, eu acho que assim, como tem muito, muito pneumologista agora e muita gente que tem conhecimento no assunto. A gente tem que filtrar um pouco também os conselhos para poder viver melhor”.

 

Outros participantes também chamaram atenção para o contágio, como nos conta a entrevistada Maria Claudia que se contaminou a partir do encontro, sem saber,  com uma pessoa com covid-19: “Então o único conselho, é assim, a pessoa que sabe que está diagnosticada, cara, fica em casa. Não sai, sabe? Evita o contato. Foi por isso que eu peguei, entendeu? Foi por isso que eu peguei”. 

Alguns entrevistados aconselham uma postura otimista diante da experiência de adoecimento por covid-19 e nos lembram que o pior momento já foi superado, em 2020, onde o desconhecimento da doença era maior. O entrevistado Alexandre, médico geriatra e professor,  adoeceu em janeiro de 2021, sem sua primeira dose da vacina. Ficou internado no sistema privado na cidade de Recife, algum tempo depois, já vacinado, se infectou pela segunda vez. 

“Eu acho que o primeiro de tudo é importante a gente ter uma visão otimista, por mais que a situação e o contexto tente nos mostrar o contrário. Otimistas, mas otimistas com os pés no chão, então assim é uma doença que traz sérios riscos, mas, ao mesmo tempo, os profissionais de saúde já conseguem lidar com ela e conduzir o tratamento dessa doença muito diferente do que a gente conseguia no ano passado, em 2020, a gente já conhece mais da doença. É um período, também, atualmente, que nós temos a vacina, que não tínhamos no ano passado”. 

 

Médico atuante da linha de frente da covid-19, Alcione, adoeceu em novembro de 2020 e ficou internado no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, também aconselha uma postura otimista no enfrentamento da doença e reflete o quanto isso impacta na saúde de forma integral: "O conselho maior é acreditar que vai vencer, entendeu? Que vai ser curado e que vai sair bem da doença. Acredito que o pensamento positivo, acreditar que tudo vai dar certo contribui para a melhora da luta, da defesa do organismo. E isso é muito importante: motivar a pessoa a acreditar nela e não, a não ter muitos pensamentos deletérios, ruins, porque pode piorar o quadro. A tentar sempre a pensar e refletir sobre o que está acontecendo”. Eduardo, também médico, ficou internado no sistema privado de saúde, e sofre com as sequelas da covid-19 até os dias de hoje. Sugere uma postura mais otimista e esperançosa diante da doença: “Buscar dentro de você aquilo que pode te trazer esperança para você seguir em frente. Porque para gente se reestruturar depois de um tsunami como esse leva um tempo, e todos os recursos são bem vindos: recursos financeiros, emocionais, familiares, enfim, tudo que você puder ter para poder se reestruturar, você deve utilizar”. 

O adoecimento, como se sabe, constitui um fenômeno vivenciado de maneira única e é integrado a uma história de vida anterior que irá acompanhar o sujeito ao longo dessa experiência. Nesse sentido, não foi raro ouvirmos dos entrevistados que o paciente diagnosticado com covid-19, fique atento ao aspecto psicológico e emocional, tenha controle das suas emoções e busque recursos internos para enfrentar a doença.  Como aconselha a participante Ana Cristina, infectada logo no início da pandemia, em maio de 2020:

“Olha, eu acho que o maior conselho é dominar as suas emoções, assim controlar as suas emoções. É, você mandar em você, você conseguir manter o foco, porque isso é a parte mais difícil, muitas vezes eu achei que eu ia desesperar, porque é muita coisa junta, você sofre muito e eu ainda tinha várias outras conotações emocionais e muitas pessoas podem ter também, estando assim, ter outros entes queridos estando, enfim, sempre é. O COVID é uma situação que corta, “disruptive”, em inglês, ele corta, ele corta laço, ele corta coisas, então eu acho que você poder ser senhora do seu emocional é fundamental, eu acho que é o maior conselho que eu daria, entende? Porque é onde e quando você perde esse ponto, você perde quase tudo, eu acho, porque se você se desesperar não vai dar certo, você vai começar a errar mais”.

 

Eduardo conclui sua mensagem aos pacientes de covid-19 ressaltando a importância de cuidar do aspecto psicológico e emocional ao longo da experiência de adoecimento: “E no caso da COVID, o que eu percebo hoje, no contexto que a gente vive da pandemia como um todo e que eu percebo em relação não só a mim, mas a minha família como um todo, é que o impacto não é só físico, é também emocional”. Roberto, que ficou 60 dias internado, sendo 58 dias na UTI do hospital público, aconselha a enfrentar as dificuldades do adoecimento com coragem: “Não deixa as dificuldades crescerem diante de você, os obstáculos, você tem que transformar os obstáculos em pequenos degrauzinhos, que você vai ultrapassar cada um deles, vai se tornar mais fácil. Veja com positividade, uma energia, com motivação de que você vá passar por cima dele. Não deixa ele se transformar, ser maior do que ele é”.

Márcio ficou internado no sistema privado por 14 dias e enfrentou momentos bem difíceis ao longo do seu adoecimento, principalmente até a sua internação. Com isso, ele aconselha também a ter uma postura positiva e controlar as emoções

“Eu já falei isso pra algumas pessoas, eu tento tranquilizá-las, é um dia de cada vez, é uma guerra na verdade, é uma batalha por dia, tem que ter paciência, controlar a ansiedade, pensar no melhor, assim, sempre, não deixar se abater pra não deixar ficar nervoso. E no hospital era um mantra pra mim, quando eu tava lá, parece que foi sei lá, uma coisa divina não sei te explicar, não. Brotou um passarinho na minha janela, quando eu tava no hotel e era um mantra pra mim, aquela música do Bob Marley "don't worry” que tudo vai ficar bem, não se preocupe, tudo vai ficar bem, três passarinhos me contaram que tudo vai bem. E pensar sempre no final, vai ser passageiro, um dia por vez, uma batalha por dia, que tem que ter paciência, controle emocional de que um dia de cada vez e de sobreviver a isso, de batalhar."

 

Entre as narrativas, a associação ao enfrentar a covid-19 como uma “batalha” também foi frequente. Os entrevistados aconselham a “lutar” pela vida, a “lutar” com os profissionais de saúde e a não desistir, como o participante Reneé que trata diversas questões de saúde anterior a covid-19, no ambulatório do próprio hospital público que permaneceu internado, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho.    

“Lute. Lute… Por experiência própria, lute, tente sair ao máximo do quadro lutando contra a própria COVID-19, lutando contra todos os sintomas. Ajudando a equipe médica e a equipe de enfermagem a fazer o trabalho necessário no seu corpo. Tudo o que for necessário fazer. Porque eles lutam para nos ver vivos. Então, por dores, por tudo o que a gente passa internado, como eu passei, não tenho circulação, eu não tinha artérias, não tinha veias para aplicar medicações. Eles vinham fazer uma pequena cirurgia para procurar uma veia profunda e aplicar medicação. Então é muita… é furada aqui, é abrir, uma incisão ali, é uma dor, é um sofrimento, mas é um sofrimento por uma luta que eles travaram junto com a gente para nos ver de perto, entendeu? Então lutem, lutem contra esse vírus, façam de tudo para não ter também, não ser infectado. Se preserve ao máximo! O máximo que puderem, porque é muito triste, a doença é muito triste”.

 

“Olha, é... Encarar a doença, encarar a luta que você está enfrentando nesse momento [...] é encarar. E sempre ter aquela confiança, assim: o que eu puder fazer nessa luta eu vou fazer. [...] Então não vai adiantar se desesperar, e falar que 'eu vou morrer', não, coloca na cabeça: 'eu vou lutar'. 'Eu vou lutar e eu vou enfrentar essa batalha'. Em sua narrativa, Henrique, nos conta que sua maior preocupação era com seus familiares, no entanto,  enfrentou a doença com confiança e sem medo. 

Nas narrativas vemos que adoecer em um contexto de isolamento, abriu espaço para os entrevistados refletirem sobre a importância das relações em sua vida, principalmente relações familiares. O distanciamento, em alguns casos, intensificou os vínculos, que foi o caso do entrevistado Eduardo, que aponta a rede de apoio primordial no enfrentamento da doença: “E, no nosso caso, a nossa rede de apoio ainda que ela tenha reduzido, mas a gente tem uma rede forte, a gente tem porque a gente tinha laços, uma rede que era estruturada. Mas quem já tinha uma rede social mais frágil, provavelmente ela se esfacelou. [...] Então, a parte emocional, o que eu recomendo primeiro é isso: que procure ajuda profissional, depois é que busque a sustentação da sua rede de apoio, lembrando que a família, ela é essencial. Ela é talvez a célula, a célula-máter para poder te ajudar, que sem a família você não consegue realmente se reestruturar diante de um evento como é a COVID grave”. 

“Acreditem quando o amigo fala para você que, que deseja que você melhore. Acredite nessa energia desse amigo, de todos os amigos [...] e eu acredito muito, muito que tudo o que nos cerca, seja médico, a conjunção de médico, amigos, família, recursos. Tudo isso que a gente se apega, se a gente se apegar com fé dá certo, dá muito certo”. Miguel, em sua narrativa, reforça a importância dos vínculos e da rede de apoio para um desfecho positivo. “Pensamento positivo e se manter firmes em seus relacionamentos”, é o que aconselha o entrevistado Marcelo. 

A espiritualidade é uma questão frequentemente presente nas narrativas, vinculadas ou não à religiosidade. Nesse sentido, a espiritualidade está relacionada com o significado e propósito para a própria vida daquele sujeito. Alguns participantes fizeram menção a Deus, e lembraram da importância da ciência, como Margareth: “A segunda coisa é, crer em Deus, Deus tem o controle de tudo da sua vida, tem o controle desse vírus tem o controle de tudo, então a fé é muito importante no momento de fragilidade, crê em Deus, apegue-se com ele e use os recursos da ciência pra te ajudar”. E Nelson: “Vocês que estão aí: vocês que pegaram, acredita em Deus, em primeiro lugar. Primeiro lugar é Deus no coração, o pensamento. Acredite que a ciência realmente salva muita gente”.

“Se agarrem naquilo que acredita que tem fé, seja lá qualquer tipo de religião. Todas são válidas, todas”. Miguel, com base na sua experiência, reforça a importância da fé, independente da sua religião. Já que ao longo da sua experiência, diversos amigos e seus familiares se uniram em uma corrente de energia para sua cura, o que o marcou intensamente. Augusto, traz esperança como algo que o sustentou no período em que não sabia se sobreviveria a doença: “Só quem foi lá, bateu na trave, sabe disso. Se agarra. Se tiver um pouquinho de esperança, se agarra nela. E a única coisa que posso falar”.

Juliana, enfermeira, narra sua experiência de ser uma paciente internada no sistema privado de saúde, e também de ter seu pai gravemente adoecido por covid-19 na mesma época, e ressalta a importância da fé em sua história: 

“Primeiro de tudo, a fé tem que ser inabalável. Acreditar que Deus tem um propósito acima de qualquer coisa na nossa vida. A gente não entende, porque assim, não tem como você entender a pessoa que você mais ama estar numa situação tão vulnerável. Mas a gente tem que ter fé porque tudo vai ser uma vitória. Se sair de lá vai ser a vitória, se sair de lá para o céu, ele foi para Glória. Então assim, a gente tem que ter muita fé, acima de tudo e confiar. Você tem que confiar na equipe que está cuidando. Não adianta a pessoa estar lá no hospital e duvidar, ‘o médico não fez tudo que tem que fazer’, claro que fez. A equipe sempre vai fazer, você sempre tem que confiar na equipe. Sempre falo isso para qualquer pessoa que me pergunta. Você tem que confiar na equipe que está cuidando daquela pessoa e ter a certeza que vai ser feito o melhor para aquela pessoa”.

 

Vimos que acreditar na ciência e nos tratamentos médicos foi aconselhado por diversos entrevistados. Alguns deles, incentivam a cooperação junto a equipe médica e a aceitação do tratamento ofertado pelos profissionais, como nos contou Juliana.  

“Bom, primeiramente quando começar sentir o sintoma não esperar, procurar a unidade do hospital. E depois na unidade hospitalar, se realmente for confirmado COVID é aceitar o tratamento, porque a gente pegou o paciente que se recusaram ao tratamento. Que não queria tomar azitromicina porque eu não quero porque isso aí eh não faz bem, aceitar o tratamento. E terceiro procurar manter a calma, entendeu? Procurar aceitar que está doente, tá? E aceitar o tratamento. Isso é muito importante. Então é isso que eu digo, procurar uma unidade hospitalar quando começar a sentir os sintomas, aceitar o tratamento e não se indispor com a equipe. A equipe tá pra ajudar”. Carlos Eduardo, que também viveu a covid-19 na linha de frente, como profissional da área da saúde, aconselha seguir as orientações da equipe e confiar no tratamento.

 

Sérgio, que adoeceu em novembro de 2020, primeiramente ficou internado no hospital privado, e logo em seguida foi direcionado para o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. Relata uma experiência de cuidado excepcional pelos profissionais do Hospital Universitário: “Tá enfrentando a covid? Confie na equipe que está tratando de você, na equipe médica, né? Confiança total, 100%. Não duvide do que eles estão fazendo, é para o seu bem, estão fazendo além, estão colocando a vida deles em risco para salvar a sua”. José Luiz, que também ficou internado no Hospital Universitário, reforça a importância dos cuidados médicos, do tratamento e da vacina: “Cuide-se, respeite o que o médico mandar fazer, principalmente, alimente-se adequadamente, e outra coisa, se não quiser tomar o remédio, doente vai continuar. Aprenda que a COVID, ela está aí, foi criada a vacina, quem não tomar a vacina, dela livre não vai ficar, não é verdade?”